quarta-feira, 16 de julho de 2008

Pelo estômago 2




Apesar de ter sido criada com carne de porco, angu, couve e torresmo, fui vegetariana convicta por dez anos – o que quase enfartou minha mãe. Mas quando engravidei do meu segundo filho, há três anos, tive uma vontade (desejo?) irresistível de comer frango. E a ave voltou a fazer parte do meu cardápio. Aí, um dia, jantando num restaurante francês bem caro de São Paulo a única opção vegetariana no cardápio era ravióli de ricota com molho de manjericão. Achei um desaforo sentar naquele restaurante tão bacana, daquele chef tão famoso e comer um prato que em qualquer cantina eu comeria. Então arrisquei um confit de pato. Bingo! Só faltei comer de joelhos.
Ainda torço o nariz para os magrets, que são a carne do pato bem vermelha, não gosto. Mas essa quebra de paradigma com o pato serviu para que eu experimentasse de coração aberto os marrecos de Blumenau. O primeiro foi num buffet da Oktoberfest. Hmm... Além do marreco tem repolho roxo, purê, um bolinho parecido com nhoque cujo nome eu me esqueci, purê de maçã e joelho de porco – que minha tradição vegetariana não me permite experimentar também porque eu acho que este e outros tipos de prato são do tempo em que se precisava comer tudo num bicho, e hoje já não carece...
Com todo o respeito, o marreco da Oktober – e outros que experimentei desde que me mudei – estava com gosto de frango véio, os frangos fritos que minha pobre vozinha colocava numa panela, amarrava com um pano de prato e dava pra gente comer debaixo de uma árvore em cima do capô do Opala do meu pai, na viagem interminável de volta de Minas Gerais. Então fiz outra tentativa com o marreco do Abendbrothaus, na Vila Itoupava, super famoso. E o marreco alemão (sem o recheio, of course) se redimiu. Tudo no restaurante é bom. E muito bom. (A língua eu também não experimentei porque é demais...).
Mais uma coisa que me chamou a atenção quando me mudei foi a pizza. Há um pizzaria aqui, bem popularzona, que serve rodízio. Um paraíso para as crianças porque é um rodízio salgado e doce. E serve sabe o que mais? Batata frita, macarrão, nhoque, além de ter um bufê de saladas e sobremesas. A cereja do rodízio, no entanto, é uma saladinha de radicchio com um frango frito crocante, impecável. Outra pizzaria, a Dom Peppone tem uma pizza deliciosa, perfeita para se matar a saudade da pizza paulistana. Com a vantagem de que nesta pizzaria a gente também come outros pratos à la carte e bebe vinhos bem gostosos.
Certamente falta muita coisa para experimentar em Blumenau. Vou contando aos poucos. Se eu já engordei desde que me mudei para cá? Só não engordei mais porque me mudei para uma casa que tem três lances de escada. Senão...

Ah, uma coisa que eu amo e que tem aqui em toda esquina é churro. Nem todos são bons. Mas o mais incrível é notar que as carrocinhas de churro dormem na rua, apenas trancadas, com tudo dentro. E no noutro dia, invariavelmente, estão lá. Pra quem está acostumado com os múltiplos cadeados paulistanos, isso é um espanto...

*Imagem retirada do site www.villagermania.com.br, empresa de Indaial, aqui pertinho, que vende marrecos recheados. Já fiz em casa, fica bem gostoso.

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