segunda-feira, 19 de maio de 2008

Autobahn

Não sei se aqui é um pedaço da Alemanha mesmo. Mas os motoristas pensam que sim. Eles têm certeza que estão numa autobahn, todo tempo, o tempo todo.
Vim de São Paulo certa de que aqui encontraria um trânsito pacífico. É claro que passo muito menos tempo dentro do carro desde que me mudei, mas o stress se assemelha. Não sei se é justamente porque São Paulo não anda, os motoristas lá têm um código tácito. Na medida do possível cedem passagem, sinalizam suas ações e oferecem auxílio. Aqui, cidade tão civilizadamente diferente do resto do país, tentar entrar na pista, mesmo após horas de seta, parece uma tarefa impossível.
A questão velocidade também é uma coisa espantosa. Como correm, meu Deus! E se você anda numa velocidade normal sempre haverá um alucinado colado na sua traseira. Aguarde: ele vai ultrapassar você, meter a mão na buzina e provavelmente berrar algo indecifrável. Como sou mulher - apesar de todos os anos enfrentando com maestria estradas e o trânsito paulistano - a fúria sexista escorre então pelos cantos da boca e pelos olhos vidrados enquanto eles somem adiante.
Ah, a trilha sonora. Impossível você ter a sua própria. Apenas reze para que o carro que vai parar ao lado no sinal tenha um gosto compatível com o seu. Outro dia, vindo de Gaspar, aqui perto, o "pancadão" do carro da frente fazia vibrar o meu. Minha filha, na inocência de seus seis anos disse: "Mamãe, como o moço daquele carro é gentil! Ele deixa a gente escutar a música dele". É, deve ser isso. Como já dizia o profeta: "Gentileza gera gentileza!".

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