quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Lar


Num dia 20 de janeiro, há dois anos, me mudei para Blumenau. Além de a cidade, por sua própria natureza, ser um lugar fácil de fazer a gente feliz, eu tive epifanicamente neste dia, uma garantia. A de ter entrado em minha casa blumenauense mais ou menos na mesma hora em que a imagem de São Sebastião, o padroeiro da minha cidade natal, saía pelas ruas do centro histórico na procissão que arrebanha os moradores cantando “Sebastião glorioso, santo mártir do Senhor (...) imploramos seu favor”.
Na última quarta-feira eu engrossei a procissão – o que faço sempre chorando, porque estremece as minhas lembranças de infância – ao mesmo tempo em que me recordava de, dois anos antes, estar entrando com a mesma fé na minha nova morada em Blumenau. Não sem uma pontinha de lamento pelo fato de que, ao que tudo indica, no próximo janeiro eu não estarei mais em Santa Catarina.
Ainda nos paralelos entre São Sebastião e Blumenau, sentada na Sorveteria Rocha, tomando um sorvete sabor prestígio, meu preferido desde sempre, cumprimentei o dono, seu Zé. A minha filha perguntou: “Por que você disse oi pra ele?”. E aí eu expliquei que ele me conhecia porque eu tomava sorvete lá desde que era da idade dela. E a Bi demonstrou um enorme espanto por isso.
E fiquei pensando nas vantagens e desvantagens de morar um tempo aqui, outro lá. Porque passei toda infância e adolescência tomando sorvete na mesma sorveteria. E minha filha? Levará as tenras amizades que firmou aqui em Blumenau? Espero que ela possa voltar aqui muitas vezes e dizer muitos “oi” num passeio pela rua XV. De minha parte, já tenho gente daqui ocupando no coração um lugar juntinho com os que conheci pequenina, em São Sebastião.

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